O que Bill
Gates, Steve Jobs, Michael Dell e Mark Zuckerberg têm em comum, além de serem
empreendedores bem-sucedidos e milionários? Os quatro ícones da tecnologia
tinham pressa e não concluíram seus cursos universitários. Com uma boa ideia na
cabeça e muita disposição, eles fiz eram uma opção arriscada e se deram bem,
muito bem. Mas será que hoje o mercado aceita p r o fissionais que não têm um
canudo de graduação? A resposta para essa pergunta passa por duas variáveis: a
área escolhida e as ambições do profissional. Se a intenção é trabalhar numa
grande empresa ou banco e ainda combinar tecnologia com negócios, o diploma
conta, sim, e muito. Se, por outro lado, a opção for montar um negócio próprio
ou trabalhar em empresas pequenas e médias, experiência de mercado e um bom
conjunto de certificações podem ser mais do que suficientes .
Veja o caso
de Jorge Cenci, de 53 anos. Sem diploma de nível superior, mas com experiência
de sobra, Cenci é hoje presidente da Senior Sistemas, empresa que desenvolve
software para gestão empresarial. Ele entrou no mercado há 30 anos, quando nem
se falava em graduação para a área de tecnologia. "Foquei a carreira em
cursos técnicos e certificações", afirma Cenci. Técnico em contabilidade e
administração de empresas, ele chegou à Senior Sistemas em 1990, para dirigir
as áreas comercial e financeira. Depois de 13 anos de bons resultados, assumiu
a presidência da companhia.
Histórias como a de Cenci são comuns no
mercado de tecnologia. Segundo André Assef, diretor operacional da consultoria
de RH Desix, muitas vezes experiência e boas certificações contam mesmo mais do
que quatro anos de faculdade. "Nunca vi uma empresa de pequeno ou médio
portes recusar um profissional de tecnologia por não ter ensino superior. Isso
só acontece nas grandes companhias", afirma Assef.
Só com
diploma?
Na BRQ IT
Services, fornecedora de serviços de TI, a graduação não é essencial para
cargos técnicos. Segundo Andrea Quadros, diretora de RH, o mais importante é a
experiência em outras empresas, as certifi cações e o conhecimento de
diferentes linguagens de programação. "Não fazemos restrição. Procuramos
olhar sempre para o histórico profissional", diz Andrea.
Funcionário
da BRQ desde 2000, Ivan Bodelon Rissato, de 34 anos, avançou na carreira sem
formação superior. Entrou como analista de sistemas e logo percebeu que o
aprendizado em diversas linguagens de programação e as certificações, aliadas à
experiência, trariam crescimento mais acelerado e foi em frente. Hoje, Rissato
é gerente de projetos e sua meta é chegar a diretor. Para isso, investe também
no conhecimento de negócio, além da técnica.
Na área de
TI há 15 anos, Luciano Grenga, de 34 anos, também nunca se deparou com a necessidade
de um diploma de nível superior. Coordenador de TI da Foothills, empresa de
médio porte da área química, Grenga cursou três anos de administração de
empresas com ênfase em análise de sistemas, mas trocou a faculdade pelo
trabalho. "A graduação é importante, mas não essencial", diz Grenga.
Nas grandes
corporações ou bancos, como o Itaú Unibanco, experiência e bom portfólio são
importantes, mas formação superior é essencial.
A
superintendente de consultoria do banco, Vera Bernardino, diz que a área de TI
é core business no sistema financeiro e, por isso, é importante que o
profissional seja mais do que um técnico. "Ele deve ser um consultor em
tecnologia. E para isso a formação superior é o primeiro passo", afirma
Vera.
No banco
Santander, diploma também é fundamental no processo de seleção. O diretor de RH
do banco, Marco André Ferreira, afirma que profissionais de tecnologia devem
necessariamente ter ligação com negócios e para isso a graduação é essencial.
"Nossa equipe de tecnologia se relaciona com as áreas de negócios e por
isso buscamos profissionais de TI com uma visão abrangente, proporcionada pelo
ensino superior", diz Ferreira. Assim, se a intenção é atuar em bancos do
porte do Itaú Unibanco e do Santander, ou fazer da TI um instrumento de negócios,
a graduação precisa, sim, entrar nos planos. "Hoje, os grandes executivos
de TI são extremamente qualificados e graduados", diz Renato Gutierrez,
consultor sênior de capital humano da Mercer.
O consultor
Alfredo Pinheiro, presidente da Compass Management Consulting, faz uma
distinção entre a área técnica e a de business. Na técnica, é possível
encontrar pessoas competentes sem ensino superior que vão crescer e se dar bem
na carreira. "Mas estamos falando de casos isolados. Hoje, mais do que
nunca, os diplomas importam, assim como MBA e pós-graduação." Mas Pinheiro
acredita que a veia empreendedora pode muitas vezes substituir a formação
acadêmica. Isso leva a histórias como as dos fundadores da Microsoft, da Apple,
da Dell e do Facebook, que correram atrás de um sonho na juventude e trocaram
as aulas formais pelo desejo de acontecer.
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